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Foto: https://paraibacriativa.com.br/artista/lourdes-ramalho

 

 

MARIA DE LOURDES NUNES RAMALHO
( BRASIL - PARAÍBA )

 

Naturalidade: Jardim do Seridó-RN/ Radicada em Campina Grande -PB     Nascimento: 23 de agosto de 1920
Falecimento: 07 de setembro de 2019
Atividades artísticos-culturais: Escritora, dramaturga, cordelista. 

A escritora, dramaturga, cordelista e pedagoga Maria de Lourdes Nunes Ramalho nasceu em 23 de agosto de 1920 na cidade de Jardim do Seridó(RN). Aos 15 anos veio para Santa Luzia- PB, mas em 1958 fixou residência em Campina Grande(PB). 

Autora de mais de cem textos teatrais (alguns ainda inéditos), o alcance que tiveram os textos e espetáculos de Lourdes Ramalho lhe rendeu muitas homenagens, indicações e premiações, inclusive internacionais em países como Portugal e Espanha.

Lourdes desde criança estava no meio de artistas e educadores e rodeada de elementos da cultura nordestina e poesia popular que se tornaram presentes em suas obras. Seu bisavô era violeiro e repentista e sua mãe professora e dramaturga. Já aos 10, 12 anos ela começou a escrever peças, e a “brincar” de teatro. Seus roteiros e personagens ganhavam vida nos familiares e amigos. 

Quando tinha 15 anos, estudando em um colégio interno no Recife, escreveu uma comédia que retratava a falta de professores qualificados, a má qualidade da alimentação e as formas abusivas de educação. Apresentada por ela mesma na festa de encerramento do ano letivo, causou discussões entre pais e professores e com isso a expulsão da menina. 

Na década de 40 Lourdes se casa, para acompanhar o marido reside em várias cidades do interior nordestino e abandona a carreira de atriz, passando somente a escrever e dirigir.

Entre 1964 e 1966, Lourdes se muda para o Rio de Janeiro onde faz parte da Sociedade Brasileira da Educação através da Arte (SOBREART), assistindo aulas de teatro n’O Tablado de Maria Clara Machado. De volta a Paraíba, abre uma seção da SOBREART, na qual assume a presidência e coordena as atividades do grupo teatral vinculado à associação. São deste período “O príncipe valente”, “O pequeno herói” e “Ingrato é o céu.’’ 

Nos anos 70, suas peças começaram a ganhar notoriedade no país. Entre as premiadas estão “Fogo-fátuo” que em 1974, recebeu o prêmio de melhor Texto no I Festival Nacional de Arte de Campina Grande – PB; “As Velhas” que em 1975, em sua primeira montagem, levou o primeiro lugar no III Festival de Teatro Amador do Paraná, na cidade de Ponta Grossa; e “ A feira” que em 1976 ganhou o prêmio de melhor texto no Festival Regional de Feira de Santana- BA. 

A partir da década 90, Lourdes então passa a se dedicar mais a dramaturgia escrita em cordel.

Em uma entrevista, realizada em 2008, para o Diário do nordeste ela conta um pouco da sua carreira artística e o  motivo de escrever cordel:

“Eu fui atriz até me casar, até 48, por aí assim. Meu marido não aceitou. Aceitou que eu continuasse a escrever, mas atuar nos palcos não. Aí tive que me submeter. Mas entre escrever e atuar, gosto mais de escrever, criar os personagens. Sempre escrevi poesia, teatro e cordel. Tanto que tenho muitos textos em cordel. Sou neta e bisneta e trineta de cordelistas, isso junto com tios e primos. Era uma família que vivia assim, escrevendo e montando peças, no Seridó do Rio Grande do Norte. No cordel, eu sempre me sinto muito à vontade, porque tenho cordel no sangue. Continuo escrevendo cordel. E cordel para teatro, pelo que vejo, só eu até hoje escrevi. Fora o pessoal, os meus parentes de Espanha e Portugal e que escreviam, só eu. Eu vou lhe explicar por que: o cordel aqui é narração, o cordelista narra o fato. E o meu cordel é ação, o fato acontece. Por isso pode ser posto nos palcos. Não precisa adaptar não, a história tá acontecendo, as falas tão saindo da boca das personagens. Já é o cordel para teatro.” afirma. 

Em 1992, sua peça “Romance do Conquistador” que foi escrita em versos para teatro, foi escolhida pela embaixada da Espanha para representar o Brasil na comemoração dos 500 anos da chegada dos espanhóis à América e em 1998 ela por ser estudiosa da obra de Federico García Lorca, Lourdes Ramalho foi convidada também pela embaixada da Espanha para discursar sobre a obra do dramaturgo espanhol, no Brasília Capital do Debate, realizado em homenagem ao centenário de Lorca.

Sua trajetória também contou com vários textos produzidos e dedicados ao público infantil, como “Dom Ratinho e Dom Gatão”, “Anjos de Caramelada”, “Maria Roupa de Palha’’ e o “Diabo Religioso”, onde a autora busca inspiração na sua infância e na de seus filhos.

No ano de 2005, em homenagem à teatróloga, foi reinaugurado o Centro Cultural de Campina Grande, pela Prefeitura Municipal, com o nome Centro Cultural Lourdes Ramalho. Em 2011, foi a homenageada da 2ª Jornada de Estudo Internacional sobre Poéticas da Oralidade: Lourdes Ramalho e o Teatro Popular, organizada pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

Além de textos voltados ao teatro, ela também escreveu livros de poemas “Flor do Cacto”  e o livro “Raízes Ibéricas, Mouras e Judaicas do Nordeste”, fruto de suas pesquisas. 

Em 2018, aos 94 anos,  a escritora e dramaturga foi homenageada em Campina Grande, na Vila do Artesão, onde teve seu rosto grafitado pelo artista Thiago Vinícius em uma das paredes. Ela também foi homenageada através do projeto mãos na Vila, que é uma releitura da calçada da fama, mas no lugar de estrelas com o nome dos artistas reproduzem as mãos deles em barro. 

Faleceu em 07 de setembro de 2019,  em Campina Grande, vítima de uma parada respiratória.

Referência no mundo do teatro Lourdes Ramalho é uma das mais importantes dramaturgas do Brasil.

Autora de um grande número de livros.... 

 

RAMALHO, Maria de Loudes Nunes.  Flor de cactus.
Campina Grande, PB: Universidade Regional do Nordeste/
FURNE, 1972.  49 p.  No. 10 394
Exemplar da biblioteca de Anatonio Miranda
 

 

FLOR DE CACTO

Na face nua da escalvada serra
nem uma folha sequer,
nenhum vestígio
de vida impressiona o horizonte;
somente o cacto, altaneiro, cresce,
desabotoa o caule... e oferece
uma flor de neve — estrela sobre o monte.

Também na aridez da minha vida,
erma de encantos, erma de alegria,
possa um dia brotar
do espinho dalma — a flor apetecida,
a rosa fulgurante da poesia
e o meu destino em ouro iluminar...


PROBABILIDADE


O pilão está deitado,
jaz esquecido no chão.

Cadê o negro gigante,
cadê o braço possante
que batia no pilão?!

Cadê a mão que socava
a paçoca pro patrão;
cadê a voz que cantava
acompanhando o pilão?!
— Negro há muito que descansa,
Já se foi deste mundão!

O pilão jaz na poeira
— negro enterrado no chão...

Nasceu árvore enorme
de  forte e grossa madeira,
é tronco de caraibeira
nos sete palmos — pois não!

Quem sabe se negro agora
vai virar também pilão?

 

ODE

Chuva — que cai profusa das goteiras
            e alaga o pátio , em frente ao casarão;
chuva que canta e forma cachoeiras,
canto que se trasmuda em oração.

Chuva que cai de manso
e mergulha na terra ávida e quente, 
e transforma a semente num mistério, 
traduzindo o mistério da semente.   

que envolve a terra em forma de agasalho,
de manhã as florinhas — que alegria! 
abrem os olhitos, derramando orvalho.  

Chuva criadora e santa,
mão bemfazeja, alma do sertão,
chuva — meu grande anseio,

à tua voz o milharal levanta
os verdes braços. Doura-se o algodão
e há pedaços de céu no açude cheio...

AMANHECE

É madrugada — toda a serra dorme,
vem do seu sono — o aroma de lilás,
vela do alto a quietude enorme
a baça luz de estrelas alvorais.

Mas de repente,
um trilo,
um pipilo,   
um avoejo,
um cacarejo.

E a orquestração das matinais ataca
a sinfonia campesina.

Lá no horizonte o Astro se anuncia
da rubra aurora os panos repuxando;
e o setestrelo — a clara mão do dia
vai lâmpada por lâmpada apagando...

Grasnam.
Trinam.
Mugem.
Vozes.


O CONTADOR DE HISTORIAS


Alto, esguio, cego,
completamente cego,   
mas que contador de histórias...   

“Era uma vez 
um grande rei”...

Ele colhia
através do negro em que vivia  
imagens irisadas,   
polidas,
douradas,
multicoloridas...    

“E foi assim que o cavaleiro louro 
deu, sem querer, à porta do tesouro... 

E vinha a procissão de seres irreais,
bruxas,             
monstrengos,
visões celestiais...

Ó contador de histórias,
recebe o meu louvor,
pelo dom de ofertar-me em meio ás tuas trevas
toda a luz que habitava
teu mundo interior...

*
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Página publicada em julho de 2025.

 

 

 
 
 
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